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A Arte como Substituto da Religião e o Caminho para a Filosofia

A trajetória intelectual de Roger Scruton, conforme narrada em seus escritos, oferece um ponto de partida fascinante para compreendermos a dinâmica cultural do século XX. Em textos como Confissões de um Cético Francófilo, Scruton revela que seu interesse pela filosofia não nasceu de uma curiosidade técnica ou acadêmica imediata, mas emergiu de uma imersão profunda na literatura. Foi através da leitura de autores como Kafka, Rilke e T.S. Eliot que ele, ainda adolescente, começou a intuir a existência de mistérios ocultos na sociedade humana, na consciência e no próprio ser.

Este percurso ilustra um fenômeno característico da modernidade: a arte ocupando espaços que, tradicionalmente, pertenciam à religião. Desde o século XIX, consolidou-se no imaginário ocidental a figura do artista como uma espécie de oráculo. Rompendo com a função meramente decorativa ou de entretenimento, a literatura e a arte passaram a ser vistas como portadoras de uma revelação superior, uma chave para decifrar enigmas que a experiência comum não alcança.

"A beleza literária era apenas um outro nome que se dava para o tipo de revelação que aqueles autores prometiam."

Neste contexto, o artista é tido como alguém dotado de uma sensibilidade capaz de perceber algo que está para além da percepção ordinária e transmiti-lo aos demais. Segundo a definição de Benedetto Croce, o discurso poético é a "expressão de impressões". O que o artista transmite são "primeiras impressões" — registros puros de uma realidade captada pela imaginação e pelos sentidos, antes mesmo de serem processados pela lógica analítica.

Scruton, em sua juventude, buscava na literatura exatamente essa resposta para uma necessidade religiosa latente. Não é surpresa, portanto, que os autores que mais o impressionavam fossem de origem continental — franceses ou alemães — cujas obras carregavam essa densidade existencial e metafísica, muitas vezes ausente no pragmatismo anglo-saxônico.

"De certa maneira, procurava na literatura a resposta para uma necessidade religiosa. E não era surpresa que a maioria dos autores que me impressionavam fossem de origem continental, escrevendo em alemão ou francês."

Entretanto, há um limite intrínseco no que a arte pode oferecer em termos de conhecimento estruturado. A função do artista é registrar e expressar a impressão, fornecendo o material bruto dos sentidos e da imaginação sobre o qual a inteligência deverá, posteriormente, operar. Sem a expressão correta dessas impressões, torna-se impossível raciocinar sobre elas ou elaborar conceitos intelectualmente sólidos. A arte fornece a matéria-prima vital; a filosofia, a ferramenta de ordenação.

Foi ao perceber que a literatura tinha a tarefa de explorar e decifrar mistérios, mas que a beleza literária era apenas o nome dado a essa promessa de revelação, que Scruton transitou da apreciação estética para a investigação filosófica. Ele descobriu que a busca pela verdade exigia um passo além: não bastava sentir o mistério, era necessário compreendê-lo. Essa transição marca o início de seu dilema intelectual, pois ao ingressar no mundo da filosofia acadêmica, ele se depararia com um abismo entre a riqueza de significados que a arte prometia e a aridez técnica que a filosofia de sua época oferecia.


O Dilema Filosófico Moderno: Rigor Analítico versus Charme Continental

Ao adentrar o mundo acadêmico em Cambridge, Roger Scruton deparou-se com um cenário cultural profundamente dividido, uma espécie de esquizofrenia intelectual que marcava o pensamento anglo-saxônico da época. De um lado, havia a riqueza existencial e estética que ele aprendera a amar na literatura e nos autores continentais; do outro, a frieza técnica da filosofia que reinava nas universidades inglesas.

Scruton nutria uma admiração especial por autores que transitavam entre a arte e o pensamento profundo. A influência de T.S. Eliot foi decisiva nesse aspecto. Eliot não apenas escrevia poesia, mas dedicava ensaios à literatura francesa e italiana, utilizando a métrica francesa em versos ingleses — algo que um ouvido não treinado poderia perder, mas que revelava uma fusão técnica e cultural sofisticada. Além disso, o entusiasmo da época pelo Existencialismo, impulsionado por coletâneas que agrupavam Dostoievski, Kierkegaard e Sartre, sugeria que a filosofia e a literatura eram componentes complementares de um esforço único para compreender a condição humana.

No entanto, a realidade do ensino filosófico em Cambridge era radicalmente oposta a essa visão romântica. A tradição dominante era a Filosofia Analítica, herdeira de pensadores como Bertrand Russell, G.E. Moore e, posteriormente, influenciada por Ludwig Wittgenstein e Gottlob Frege. O objetivo dessa escola não era a "sabedoria" no sentido clássico ou existencial, mas a precisão lógica e linguística.

"Não consigo abrir uma revista como Mind ou The Philosophical Review sem experimentar um desânimo imediato, como se entrasse pela porta de um necrotério."

Para Scruton, o contato com a filosofia acadêmica foi um choque. A fisionomia dessa filosofia era "franzina e sem vida". Enquanto a literatura pulsava com os dramas do ser humano, a filosofia analítica parecia empenhada em dissecar a linguagem até que não restasse sangue nem mistério.

O cerne dessa escola reside na crença de que a linguagem comum é imprecisa e inadequada para descrever a realidade com exatidão. Inspirada na lógica matemática, a filosofia analítica busca eliminar toda e qualquer ambiguidade. O ideal seria uma linguagem artificial perfeita, onde cada signo correspondesse a um único significado e a um único referente, permitindo uma verificação binária absoluta: a sentença é verdadeira ou falsa.

"Talvez eu devesse ter aceitado há muito tempo que todas as tentativas de colocar em palavras as verdades pelas quais eu ansiava são destituídas de sentido."

Nessa perspectiva, as frases carregadas de simbolismo, emoção ou intuição — típicas da arte, da religião e da metafísica — são frequentemente descartadas como "sem sentido" (non-sense), pois não podem ser rastreadas até um estado de coisas empiricamente verificável. A obsessão pela clareza lógica acaba, paradoxalmente, por esvaziar o mundo de significado humano.

Scruton viu-se, então, preso num drama característico da mente anglo-saxônica: o conflito entre um desejo de ordem lógica, que busca a máxima correspondência unívoca entre palavra e objeto, e a necessidade de expressar a riqueza da experiência humana, que é inerentemente ambígua e carregada de subjetividade.

A filosofia analítica, ao tentar depurar a linguagem de suas imprecisões, corre o risco de criar um sistema fechado e estéril. Se levarmos ao extremo a exigência de que cada termo tenha uma definição precisa, caímos num regresso infinito: definimos uma palavra com outras palavras, que por sua vez precisam ser definidas por outras, até que o dicionário acabe e nos reste apenas apontar para algo indizível. A busca pela exatidão total, ironicamente, afasta a filosofia do mundo real, transformando-a num jogo técnico de validação de sentenças que pouco ou nada dizem sobre a vida, a morte, a moral ou a beleza.

Esse foi o ambiente árido que Scruton encontrou. Ele respeitava o rigor e a honestidade intelectual da análise lógica, mas recusava-se a aceitar que as verdades da arte e da religião fossem meros ruídos sem sentido. O desafio de sua vida intelectual seria, portanto, encontrar um caminho que não sucumbisse à esterilidade do necrotério analítico, nem às imposturas retóricas que ele viria a identificar em grande parte da filosofia continental.


A Ilusão da Linguagem Exata e a Realidade como Mediadora

A filosofia analítica, em sua fase inicial e mais rigorosa, foi impulsionada por um projeto ambicioso: a criação de uma linguagem livre de erros. Inspirados pelos avanços da lógica matemática e pelos trabalhos de Gottlob Frege, filósofos como Bertrand Russell e o primeiro Ludwig Wittgenstein acreditaram que a linguagem humana comum era intrinsecamente falha. Para eles, ela não fornecia uma descrição adequada da realidade, estando repleta de ambiguidades, metáforas e imprecisões que conduziam ao erro filosófico.

O remédio proposto foi a lógica simbólica ou lógica matemática. O objetivo era depurar a linguagem até que se alcançasse uma correspondência biunívoca perfeita: para cada signo, um significado; para cada significado, um referente claro no mundo. Nessa utopia linguística, toda sentença deveria ser passível de verificação imediata. Uma proposição só teria sentido se pudesse ser declarada inequivocamente verdadeira ou falsa, baseada em um "estado de coisas" observável.

"Para a escola analítica, só podem ser verdadeiras as sentenças que puderem ser também declaradas falsas. Se não é possível distinguir entre a falsidade e a veracidade de uma sentença, ela não está dizendo nada."

Essa exigência de verificabilidade cria um filtro brutal. Sob essa ótica, a maior parte do que dizemos em nossa vida cotidiana, bem como a totalidade da literatura, da poesia e da teologia, corre o risco de ser classificada como "sem sentido". Se não consigo "espremer" a frase até que ela aponte para um objeto físico mensurável ou um fato lógico inegável, ela perde seu direito de cidadania no mundo do conhecimento.

No entanto, há uma falha estrutural nesse projeto de precisão absoluta. A ideia de uma linguagem onde todos os termos são perfeitamente definidos é contraditória com a própria natureza da linguagem. Para definir uma palavra, precisamos usar outras palavras. Se exigirmos que essas novas palavras também sejam definidas com rigor absoluto, precisaremos de mais palavras, gerando um regresso infinito. Chega-se a um ponto em que o dicionário acaba e somos obrigados a apontar para algo fora da linguagem: um "isto aí".

Aqui reside a crítica fundamental à pretensão da linguagem científica perfeita: a linguagem não substitui o mundo; ela opera dentro dele.

"O mundo é o mediador de toda linguagem. Linguagem é uma atividade que nós exercemos dentro de um mundo que precede a nossa linguagem e do qual recebemos a linguagem."

A ilusão de que podemos construir uma comunicação perfeita "de sujeito a sujeito" apenas através de definições exatas ignora a presença indispensável do objeto — o mundo real. A comunicação humana nunca é uma transmissão telepática de conceitos puros entre duas mentes isoladas. Ela é sempre triangulada pela realidade física e cultural que nos cerca. Falamos sobre algo que transcende a nossa fala.

A precisão da linguagem, portanto, não reside na sua capacidade de se autoexplicar infinitamente, mas na sua habilidade de orientar os interlocutores em direção ao mesmo referente na realidade. A linguagem encontra seu limite e sua validação na fronteira com o mundo. Dizer que a linguagem é "limitada" ou "imprecisa" não é uma crítica válida, pois sua função não é duplicar a realidade, mas fornecer sinais para que naveguemos nela.

"A linguagem não tem a função de substituir o mundo. A linguagem apenas nos dá sinais para que duas pessoas que estão no mesmo mundo se orientem com relação a elementos que estão nesse mundo."

O projeto de uma linguagem totalmente exata, paradoxalmente, dispensaria a existência do mundo. Se a descrição fosse completa e autossuficiente, a realidade física se tornaria obsoleta. Wittgenstein, mais tarde em sua vida, percebeu essa armadilha. Ele abandonou a busca pela linguagem lógica ideal e voltou-se para a linguagem comum ("jogos de linguagem"), reconhecendo que o significado de uma palavra não está numa definição estática, mas no seu uso dentro do fluxo da vida.

Assim, o dilema enfrentado por Scruton e por qualquer pensador moderno é o de reconciliar a necessidade de rigor intelectual com a aceitação de que a verdade não cabe inteira em fórmulas lógicas. A realidade é o solo onde a linguagem pisa; tentar retirar esse solo em nome da "pureza lógica" é condenar o pensamento a flutuar num vácuo de definições circulares.


Da Sensação à Percepção: Superando o Erro Empirista

Um dos nós górdios que a filosofia moderna, e em particular a tradição analítica, tentou desatar — ou muitas vezes apertou ainda mais — é a relação entre a nossa experiência sensível e o conhecimento da realidade. A tradição empirista, que remonta a John Locke e David Hume, estabeleceu um dogma que perdura até hoje em muitas mentalidades científicas: a ideia de que o nosso conhecimento começa com "sensações" isoladas e caóticas, que são posteriormente organizadas pela mente humana.

Segundo essa visão, nós não veríamos um "gato" ou uma "maçã". Nós receberíamos apenas dados brutos: manchas de cor, impressões de textura, sons desconexos. Caberia à nossa estrutura mental (ou à linguagem, ou à razão) reunir esses fragmentos e colar neles a etiqueta "gato".

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No entanto, uma análise mais profunda da experiência humana revela que as sensações puras jamais existiram. Ninguém, em sã consciência, experimenta o mundo como um mosaico de dados desconexos. O que nós temos, desde o primeiro momento, são percepções.

"Ninguém tem uma sensação pura sem nenhuma mistura de outra sensação. Você pode ouvir alguma coisa sem ter ao mesmo tempo uma sensação tátil? Não existe."

A distinção é fundamental. A sensação seria um evento puramente fisiológico ou subjetivo, um dado interno. A percepção, por outro lado, é a captação de uma presença. Quando olhamos ao redor, não vemos "dados visuais"; percebemos objetos, seres e formas que se apresentam a nós como unidades de sentido. A percepção já integra a forma. O mundo não nos chega em pedaços para ser montado; ele nos chega como um todo que precede a nossa análise.

O erro do empirismo — e de grande parte da ciência moderna quando tenta filosofar — é confundir a análise a posteriori com a realidade vivida. Ao decompor a visão em fótons, retinas e impulsos nervosos, o cientista acredita ter encontrado os "tijolos" da realidade. Mas isso é uma abstração. Na vida real, a percepção do objeto inteiro é o fato primário.

Aqui surge uma tensão crucial entre o "objeto" e a "coisa".

  • Objeto: É aquilo que se apresenta diante de nós, o fenômeno captado pela percepção humana (o gato que vejo miando).
  • Coisa: É a realidade em si mesma, independentemente da minha percepção, aquilo que a ciência tenta descrever através de estruturas atômicas, moleculares ou matemáticas.

A ciência moderna, impulsionada pelo desejo de um conhecimento "objetivo" (no sentido de independente do sujeito), tenta saltar por cima da percepção para agarrar a "coisa" através de fórmulas matemáticas e instrumentos de medida. Ela diz: "O que você vê não é a realidade; a realidade são os átomos invisíveis".

"A ciência busca ir além do objeto para encontrar a coisa. Mas se ela nega a validade da percepção que nos deu o objeto, ela corta o galho onde está sentada."

Se declararmos que a nossa percepção habitual é ilusória ou apenas um construto mental subjetivo, perdemos a ponte com a realidade. Ficamos trancados dentro da nossa caixa craniana (ou da nossa linguagem), sem garantia nenhuma de que as nossas teorias científicas correspondem a algo real lá fora.

O grande desafio intelectual, que Scruton percebeu e que a filosofia analítica muitas vezes ignora, é que a precisão da linguagem não substitui a presença do mundo. A linguagem não tem a função de criar o mundo ou de substituí-lo por uma descrição perfeita; ela serve apenas para nos orientar dentro dele.

Portanto, a busca obsessiva por uma "certeza científica" que elimine o fator humano da percepção é uma quimera. A única certeza que temos é a da percepção imediata da presença do mundo. É a partir dessa confiança básica nos nossos sentidos e na nossa capacidade de perceber formas que toda a ciência e toda a filosofia devem começar. Tentar construir o conhecimento negando essa base é como tentar desenhar um mapa detalhado de um território cuja existência você nega.


Totalização e Impostura: A Mecânica do Discurso Ideológico

Enquanto a filosofia analítica britânica corria o risco de morrer por asfixia em sua própria busca por esterilidade lógica, a filosofia continental — especialmente na França de Sartre e Foucault — seguia um caminho inverso e muito mais perigoso: o uso da linguagem não para descrever a realidade, mas para criar narrativas de poder. Roger Scruton, ao observar esse cenário, identificou o que chamou de "impostura intelectual": o uso de um jargão sofisticado para esconder a ausência de sentido ou para transformar a filosofia em uma arma de intimidação política.

O conceito chave para entender essa manipulação, especialmente em Jean-Paul Sartre, é a totalização. Em obras como a Crítica da Razão Dialética, Sartre não lida com indivíduos reais ou grupos empiricamente observáveis. Ele opera através de uma "ação totalizadora" da mente, que agrupa milhões de pessoas díspares sob um único rótulo coletivo, como "a burguesia".

"A burguesia não é uma classe social observável; ela é uma criação da mente totalizadora de Sartre. Ele unifica comportamentos diversos sob um único conceito e atribui a esse conceito uma vontade e uma agência que ele não possui na realidade."

Essa "totalização" é um truque retórico. Ela permite que o intelectual invente um inimigo monolítico — "A Burguesia", "O Capitalismo", "O Patriarcado" — e o trate como um sujeito consciente que conspira contra a humanidade. Na realidade, um burguês pode odiar outro burguês, e seus interesses podem ser conflitantes. Mas, na linguagem ideológica, eles são fundidos numa massa única para servir de alvo político. A linguagem deixa de ser um meio de acesso à verdade para se tornar um instrumento de guerra.

Michel Foucault levou essa lógica um passo adiante ao dissolver a própria noção de verdade. Para Foucault, não existem fatos ou verdades universais; existem apenas "regimes de verdade" produzidos pelo poder. O discurso não serve para descrever o mundo, mas para dominá-lo.

"Se todo discurso é apenas uma manifestação de poder, então não existe distinção entre o verdadeiro e o falso, mas apenas entre quem manda e quem obedece. A filosofia deixa de ser uma busca pela sabedoria e torna-se uma disputa por hegemonia."

A consequência prática dessa visão é a substituição da persuasão pela intimidação. No debate intelectual clássico, pressupõe-se que ambos os lados buscam a verdade e que o melhor argumento deve prevalecer. Na lógica ideológica denunciada por Scruton, o oponente não é alguém que está equivocado, mas alguém que pertence à "classe inimiga". Se você discorda da lógica revolucionária, você não está apenas errado; você é ontologicamente culpado. Você faz parte da "burguesia" ou das "estruturas de poder", e, portanto, sua voz não merece ser ouvida, mas sim silenciada.

Scruton percebeu que essa abordagem transformava a cultura universitária num ambiente de terror psicológico. O estudante ou o intelectual que não adotasse o vocabulário da moda (a "novilíngua" acadêmica) era imediatamente ostracizado. Termos como "reacionário", "burguês" ou "fascista" não funcionavam como categorias descritivas, mas como sentenças de excomunhão.

O drama da inteligência no século XX, portanto, reside nesse duplo abismo. De um lado, a filosofia analítica, com sua obsessão pela precisão, criou uma linguagem técnica tão fechada que perdeu o contato com a vida humana, tornando-se incapaz de falar sobre Deus, a moral ou a beleza. Do outro, a filosofia continental (em suas vertentes marxista, estruturalista e pós-estruturalista) transformou a linguagem num fetiche de poder, criando "totalizações" imaginárias para justificar a violência política e a destruição da alta cultura.

Para Roger Scruton, e para qualquer um que busque restaurar a dignidade da vida intelectual, a saída não está em escolher um desses lados. A solução exige um retorno à realidade pré-filosófica: o mundo da vida (Lebenswelt), onde a percepção humana real, o senso comum e a herança cultural da arte e da religião nos fornecem as bases sólidas sobre as quais a inteligência deve operar. A filosofia não deve nem dissecar a linguagem até matá-la, nem usá-la para matar os outros, mas sim servir como guardiã da experiência humana genuína contra as abstrações que tentam negá-la.


Resumo

O Problema da Linguagem

Imagine que você está tentando descrever um quadro para alguém que não o viu. Você pode usar palavras para descrever as cores, as formas e os detalhes, mas nunca será exatamente como ver o quadro de verdade. Isso porque a linguagem é uma ferramenta imperfeita para descrever o mundo.

A Busca por Exatidão

Algumas pessoas, como os filósofos analíticos, acham que a linguagem pode ser feita para ser mais exata e clara. Eles querem criar uma linguagem que seja livre de ambiguidades e erros, e que permita descrever o mundo de uma maneira precisa e objetiva.

A Rotulação

Mas, aqui está o problema: quando você tenta descrever algo com palavras, você está colocando uma "rotulagem" nesse algo. Você está dizendo que aquilo é algo específico, com um nome específico. Mas, isso pode ser um problema, porque a realidade é mais complexa e rica do que as palavras podem expressar.

Imagine que você está tentando descrever uma pessoa. Você pode dizer que ela é "alta", "magra" e "loira", mas isso não captura a essência da pessoa. A pessoa é muito mais do que essas características físicas. Ela tem pensamentos, sentimentos e experiências que não podem ser reduzidos a simples palavras.

O Problema da Filosofia Analítica

A filosofia analítica, que é a abordagem que Roger Scruton encontrou na universidade, é baseada na ideia de que a linguagem pode ser feita para ser mais exata e clara. Eles querem criar uma linguagem que seja livre de ambiguidades e erros, e que permita descrever o mundo de uma maneira precisa e objetiva.

Mas, isso pode levar a um problema: a linguagem pode se tornar tão exata e clara que perca a capacidade de expressar as coisas de uma maneira mais profunda e verdadeira. A linguagem pode se tornar uma ferramenta para descrever o mundo de uma maneira superficial, mas não para entender a essência das coisas.

A Busca de Roger Scruton

Roger Scruton estava procurando por uma forma de equilibrar a busca por exatidão e clareza com a necessidade de expressar as coisas de uma maneira mais profunda e verdadeira. Ele queria encontrar uma forma de fazer filosofia que fosse clara e exata, mas também que permitisse expressar as coisas de uma maneira mais rica e complexa.

Ele achava que a arte, como a literatura e a poesia, era uma forma de expressar as coisas de uma maneira mais profunda e verdadeira. Mas, ele também achava que a filosofia deveria ser uma forma de buscar a verdade, e não apenas uma forma de descrever o mundo de uma maneira superficial.

Conclusão

Em resumo, o problema da linguagem é que ela é uma ferramenta imperfeita para descrever o mundo. A busca por exatidão e clareza pode levar a uma linguagem que seja livre de ambiguidades e erros, mas que também perca a capacidade de expressar as coisas de uma maneira mais profunda e verdadeira. Roger Scruton estava procurando por uma forma de equilibrar essas duas necessidades, e encontrar uma forma de fazer filosofia que fosse clara e exata, mas também que permitisse expressar as coisas de uma maneira mais rica e complexa.

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há 5 horas
Matéria: Filosofia
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