1. Introdução: Fundamentos da Fé

Uma fé robusta exige alicerces sólidos. No entanto, é comum que, ao longo da jornada espiritual, a visão sobre Deus e sobre o próprio propósito se torne turva. Muitas vezes, a confusão na fé não surge da falta de crença, mas de uma compreensão distorcida sobre quem Deus é, como Ele age, e qual o nosso verdadeiro papel dentro do Seu Reino. Como entendemos o Deus que servimos? Como nos enxergamos dentro dessa fé? Por que cremos da maneira que cremos?

Para encontrar respostas claras e corrigir o foco, é imprescindível um retorno às origens. Em uma jornada "Do Princípio ao Fim" pelas Escrituras, o ponto de partida obrigatório é o livro de Gênesis, onde a estrutura fundamental da realidade, da humanidade e da própria fé é estabelecida.

A análise inicial se concentra em três passagens cruciais que definem o cenário da existência humana:

  • Gênesis 1:26-31: Detalha a criação do ser humano, homem e mulher, de forma distinta de todo o resto. Eles são feitos "à nossa imagem, conforme a nossa semelhança", recebem o mandato para multiplicar, encher, sujeitar e dominar a terra, e são validados pela declaração divina de que tudo era "muito bom".
  • Gênesis 2:18: Apresenta a profunda constatação divina de que "não é bom que o homem esteja só", culminando na criação da mulher como uma "auxiliadora que lhe seja semelhante".
  • Gênesis 3:8-17: Narra a trágica ruptura da Queda. Ao ouvirem a voz de Deus no jardim, o homem e sua mulher, agora conscientes de sua nudez e tomados pelo medo, se escondem. Segue-se o diálogo da transferência de culpa — do homem para a mulher ("foi a mulher que o senhor me deu") e da mulher para a serpente ("ela me enganou"). Como resultado, Deus decreta as consequências: a maldição sobre a serpente, o aumento dos sofrimentos da mulher (incluindo a distorção no relacionamento, onde "ele a governará"), e a maldição da terra por causa de Adão, que agora obterá seu sustento com fadiga, em meio a espinhos e ervas daninhas.

Embora esses relatos possam parecer elementares, revisitá-los didaticamente é essencial. Atualmente, muitas pessoas encontram-se "perdidas na sua fé". Elas podem até acreditar em Deus, mas a forma como O enxergam, e como enxergam seu próprio papel, está "completamente distorcido e desfocado". Essa confusão é, frequentemente, um resultado direto da falta de compreensão do que as Escrituras revelam sobre Deus e sobre a humanidade. Portanto, este retorno ao fundamento é vital para realinhar nossa perspectiva.


2. Criados para Representar: O Significado da Imagem de Deus

No relato da criação, há uma distinção fundamental que eleva o ser humano acima de todo o restante. Quando Deus criou as águas, a terra, os luzeiros, os peixes e as plantas, em nenhum momento Ele declarou que aquela obra era Sua imagem. Esse adjetivo singular foi reservado exclusivamente para o clímax da criação: "E disse Deus: Façamos o ser humano à nossa imagem, conforme a nossa semelhança" (Gênesis 1:26).

O uso do plural "façamos" tem sido amplamente compreendido na teologia como um vislumbre da Trindade. O nome hebraico para Deus usado aqui, Elohim, é uma forma plural, sugerindo uma pluralidade dentro da divindade, embora uma análise aprofundada desse conceito não seja o foco central. O ponto crucial é a declaração de que o ser humano é a "imagem" (em hebraico, tselem).

Mas o que isso significa? Uma imagem é uma representação fiel daquele que a origina. Ao criar o homem, é como se Deus dissesse a toda a criação — às águas, aos animais, às plantas — que ali estava Sua representação. A criação não precisaria perguntar onde Deus estava, pois Sua imagem estaria presente nela. Através do ser humano, a bondade, o amor, o cuidado, a compaixão, a misericórdia, a justiça e a graça de Deus seriam administrados e refletidos para todo o cosmos. A criação se sentiria satisfeita, pois a presença do próprio Deus estaria manifesta no meio dela através da humanidade.

Tragicamente, a tendência humana tem sido inverter essa ordem. Em vez de refletir a imagem de Deus, muitas pessoas hoje tentam transformar Deus em sua própria imagem, moldando um deus que se adeque às suas vontades e conveniências. Contudo, as Escrituras são claras: fomos nós que recebemos o adjetivo de sermos imagem e semelhança Dele, e não o contrário.

Para entender a profundidade dessa declaração, é útil olhar para o contexto em que Gênesis foi escrito. A linguagem usada por Moisés não era desconhecida para o seu tempo, cerca de 3.000 anos antes de Cristo, na região do Antigo Oriente Próximo. Descobertas arqueológicas confirmam que, naquela época, entre os rios Tigre e Eufrates, na Palestina e no Egito, havia duas crenças centrais sobre "imagens" divinas:

  1. Acreditava-se que uma estátua ou ídolo continha, de fato, o espírito da divindade que representava.
  2. Acreditava-se que, quando um rei governava, o espírito da divindade daquele povo residia dentro dele, significando que era o próprio deus quem liderava através do rei.

A revelação de Moisés, portanto, é revolucionária. Ao afirmar que o ser humano foi feito à imagem de Deus, o texto bíblico democratiza radicalmente esse conceito. A imagem divina não está contida em uma estátua inanimada ou restrita a um único monarca poderoso. Em vez disso, a revelação bíblica, muito à frente de seu tempo, declara que todo ser humano — todo aquele que tem fôlego, anda e fala — é um portador da imagem do Deus Criador.

É fundamental notar que este texto se refere à humanidade em sua totalidade. A palavra hebraica Adam significa "humanidade". Dela derivam Ish (homem, macho) e Isha (mulher, fêmea). A imagem de Deus foi, portanto, concedida a toda a humanidade, independentemente de contornos religiosos, étnicos ou sociais.


3. O Homem "Teomorfo": A Humanidade Criada à Imagem de Cristo

A compreensão da "imagem de Deus" ganha uma profundidade ainda maior quando a conectamos à pessoa de Jesus Cristo. Comumente, temos a tendência de pensar de forma antropomórfica sobre a Encarnação: que Deus, em Jesus, Se transformou em nossa imagem para poder falar conosco. Embora isso seja parcialmente verdadeiro em sua intenção, a teologia bíblica inverte essa perspectiva.

O Evangelho de João afirma que "no princípio era o Verbo [Jesus Cristo], e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. [...] Sem ele nada do que foi feito se fez" (João 1:1, 3). Se Jesus é o agente da criação, Ele preexiste à humanidade.

Portanto, a realidade não é que Jesus Se tornou semelhante aos homens no Novo Testamento; a verdade é que os homens, desde Gênesis, foram criados semelhantes a Jesus. O homem não é antropomórfico (feito à forma humana); o homem é teomórfico (ou teomorfo), isto é, criado à imagem e semelhança de Deus, cuja perfeita expressão é Jesus Cristo. Fomos criados para sermos iguais a Jesus, a imagem perfeita de Deus, refletindo Seus sentimentos, Sua graça, Sua sabedoria e Seu movimento, que é ao mesmo tempo divino e humano.

Essa compreensão redefine o propósito da Encarnação. A vinda de Cristo tem um objetivo duplo e complementar:

  1. Deus Se fez figura humana (em Jesus) para cumprir um propósito Divino na terra.
  2. Ao fazer isso, Ele mostrou ao ser humano que nós somos uma figura do Divino, criados para cumprir nosso propósito humano.

O plano original era que toda a criação fosse regida, cuidada e administrada segundo a imagem de Deus, que estava presente no meio dela através da humanidade.


4. A Identidade Humana e a Queda

Se fomos criados para ser a "imagem" de Deus, nossa identidade fundamental não é algo que possamos definir por conta própria. Somos uma representação; não somos o original. Deus é "Eu Sou o que Sou"; Ele Se define. O ser humano, por sua vez, O representa. Isso significa que a identidade humana só pode ser verdadeiramente expressa e compreendida quando estamos em relação direta com Deus. Nós não somos os definidores das bases da criação; somos a imagem de Deus diante da criação.

É somente quando encontramos Deus e O conhecemos que começamos a entender quem realmente somos. Enquanto o ser humano não se encontra com Deus, ele inevitavelmente tentará se identificar com qualquer outro elemento da criação ou com qualquer coisa que ele mesmo venha a criar, buscando uma identidade que preencha o vazio deixado pela desconexão com o Criador.

O teólogo alemão Emil Brunner destacou a importância dessa autopercepção ao afirmar:

"A mais poderosa de todas as forças é a visão que o homem tem de si mesmo. A forma como ele entende a sua natureza e o seu destino. De fato, ela é uma força que determina todas as demais que influenciam a vida humana."

O nosso "ser" — a maneira como nos enxergamos — impacta diretamente o nosso "fazer" e nossas funções. Sem Deus como referência, o homem se desorienta. Ele passa a vida tentando "montar" uma identidade fragmentada, baseando-a naquilo que o cerca: o lugar onde vive, as coisas que faz, o dinheiro que possui, seu status social, sua profissão, seus hobbies ou até sua sexualidade.

É exatamente essa a essência da Queda narrada em Gênesis 3. Deus havia dado uma instrução clara: "Você viva nessa terra, [...] mas não coma do fruto do conhecimento do bem e do mal" (Gênesis 2:17). O fruto em si não era mágico; ele representava uma decisão.

Ao comer do fruto proibido, Adão, como cabeça e representante de toda a humanidade, estava declarando sua independência de Deus. Ele estava dizendo: "Eu não preciso de Deus para me dizer o que é o bem e o mal. Eu quero decidir o que é o bem e o mal segundo a minha ótica".

O pecado original, a Queda de todos nós, foi essa escolha deliberada. Foi a oportunidade de escolher que tipo de ser a humanidade seria: um ser que reflete a imagem do Deus que é, ou um ser que define a si mesmo, sendo a imagem do que ele quiser ser e determinando todas as coisas segundo a sua própria vontade. Ao comer, Adão escolheu ser uma imagem de qualquer coisa, menos de Deus.


5. O Pecado e a Morte: A Ruptura dos Três Mandatos

A advertência divina no Éden foi explícita: "no dia em que dela comeres, certamente morrerás" (Gênesis 2:17). A consequência imediata da Queda foi, portanto, a morte. Pode-se argumentar que Adão e Eva não morreram fisicamente naquele instante, mas a resposta teológica é que, sim, eles morreram. A humanidade inteira tornou-se uma espécie de "Walking Dead" — mortos espiritualmente em delitos e pecados.

Para compreender a profundidade dessa morte, é preciso definir o que as Escrituras chamam de "pecado". No Novo Testamento, a palavra assume dois significados distintos, porém interligados:

  1. O ato pecaminoso: Refere-se à transgressão específica, como matar, roubar, mentir ou fingir.
  2. O estado de pecado: Este é o conceito mais profundo. É o estado de separação e distanciamento de Deus no qual a humanidade mergulhou. Vivendo nesse estado, tudo o que pensamos, sentimos e a maneira como agimos estão fundamentalmente distantes da imagem de Deus e muito mais alinhados com qualquer outra imagem distorcida que inventamos para nós mesmos.

Essa separação (o estado de pecado) causou uma ruptura cósmica, quebrando os três grandes mandatos que Deus havia estabelecido para a humanidade. Esses mandatos eram a estrutura para a vida "muito boa" que Deus planejou.

1. O Mandato Espiritual

O primeiro e principal mandato era o relacional: "Anda comigo, Adão. Me obedeça, seja como eu sou, faça o que eu faço". A ordem era que o ser humano mantivesse uma conexão direta com Deus para, então, ser para toda a criação o que o próprio Deus seria. A criação estaria tranquila, pois a imagem e semelhança do Criador estaria ali para cuidar dela.

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2. O Mandato Social

O segundo mandato era social: "Sejam fecundos, multipliquem-se, encham a terra". Este mandato definia como o ser humano deveria se relacionar com o próximo — com sua esposa, com seus filhos, com a comunidade vindoura. Estando ligado a Deus (Mandato Espiritual), o homem saberia quem ele era a partir de Deus e, naturalmente, reproduziria para quem estava ao seu lado exatamente o mesmo amor, justiça e cuidado que Deus reproduzia para ele.

3. O Mandato Cultural

O terceiro mandato era cultural: "Sujeitem [a terra] e tenham domínio". Deus deu a terra, as sementes, a água e os animais, e ordenou que a humanidade cuidasse e desenvolvesse esses recursos. Tudo o que a civilização produziu — desde a agricultura até a tecnologia avançada, como prédios, câmeras, energia e iluminação — origina-se da matéria-prima que Deus nos deu para administrar.

A Ruptura

Esses três mandatos funcionavam em perfeita harmonia. O homem cuidava da terra (Cultural) da maneira que Deus cuidava dele (Espiritual), e tratava seu próximo (Social) da maneira que Deus o tratava (Espiritual).

Porém, quando o homem comeu do fruto, ele escolheu ser sua própria imagem e semelhança, não mais a de Deus. Nesse instante, o Mandato Espiritual foi cortado.

Uma vez desconectado de sua fonte e referência (Deus), o homem se tornou "deus de si próprio". A partir daí, sua maneira de executar os outros dois mandatos foi completamente distorcida. Ele passou a tratar o outro (Mandato Social) e a cuidar da terra (Mandato Cultural) não mais como Deus faria, mas como ele, em sua própria sabedoria caída, achava que deveria.

Essa desarmonia, essa quebra da ordem criada, esse estado de independência de Deus, chama-se morte.


6. A Solução para o Mal: Cristo, a Imagem Perfeita

A ruptura do mandato espiritual introduziu o "mal" no mundo. Grandes pensadores, filósofos e sociólogos há séculos se debatem sobre o problema do mal: de onde ele vem? Por que o homem é mau? A resposta, segundo a narrativa bíblica, é surpreendentemente simples: o mal nada mais é do que a ausência de Deus. É o vácuo deixado pela imagem divina, que dá ao ser humano a oportunidade de ser o que ele quiser ser.

É precisamente por isso que precisamos de Cristo. A compreensão de que necessitamos de um Salvador só emerge quando entendemos que vivemos em um "estado de pecado" — um estado de distanciamento de Deus, onde nossas ações e pensamentos refletem uma imagem que nós mesmos construímos, e não a imagem da perfeição de Deus.

Nesse cenário, olhamos para Jesus Cristo e vemos Aquele que cumpre o que falhamos em cumprir. Ele é a imagem de Deus que nós não conseguimos ser. Jesus passeia entre nós carregando uma humanidade que nós não carregamos mais; Ele manifesta uma justiça que não manifestamos e representa a imagem de um Deus que já não conseguíamos enxergar.

Vivemos em um mundo caído, um mundo em "queda livre". Quanto mais o tempo passa, menos da imagem de Deus se vê refletida no ser humano. É inegável que resíduos da boa criação de Deus ainda persistem: ainda vemos lampejos de amor, paz e justiça. Contudo, em vastas áreas da humanidade, o que prolifera é o ódio, a vingança e o ser humano fazendo "o que lhe dá na telha", sendo ele a imagem do que quiser ser. Opressores, bandidos e todos os tipos de transgressores surgem, e cada um deles constrói sua própria justificativa, sua própria "verdade", para explicar por que age como age.

Nessa busca por identidade fora de Deus, inventam-se novos deuses, novas crenças e novos padrões. Até mesmo o amor é reinventado: usa-se o mesmo nome do amor descrito na Palavra de Deus, mas é um amor falso, um amor segundo a imagem de qualquer coisa que se vê nesta terra, e não o amor de Deus.

Contudo, a solução para essa Queda já estava prometida no próprio jardim. Em Gênesis 3:15, ao amaldiçoar a serpente, Deus declara:

"Porei inimizade entre você e a mulher, entre a sua descendência e o descendente dela. Ele lhe ferirá a cabeça, e você lhe ferirá o calcanhar."

Esse "descendente da mulher" é a promessa de Cristo. Ele viria para esmagar a cabeça da serpente, destruindo as obras do inferno — que são exatamente o engano do pecado que afasta o homem de Deus. O sacrifício de Cristo na cruz provoca uma guinada na história, permitindo que o homem finalmente diga: "Eu quero servir a Cristo e quero voltar à verdadeira vida, porque aquilo que eu vivia não é vida".


7. O Retorno à Imagem: Conversão e os Dois Jardins

A decisão de seguir a Cristo é o que chamamos de "conversão". Este não é um termo meramente religioso, mas um despertar existencial. É o momento em que um indivíduo, olhando para sua vida distante de Deus, finalmente acorda e percebe: "Isso aqui não é vida". É o questionamento fundamental: "Por que eu existo? Por que fui criado?". A resposta encontrada é: "Fui criado por um Deus, para ser como Ele".

Esse despertar leva ao arrependimento. Arrependimento, neste contexto, vai além de simplesmente lamentar atos errados; é a decisão de abandonar o estado de pecado, a iniquidade que nos governava. É o retorno deliberado para andar nas trilhas de Cristo, com o objetivo de voltar a ser a imagem e semelhança de Deus.

Esse processo de conversão restaura a harmonia dos três mandatos quebrados:

  1. Restauração Espiritual: Ao reatar o mandato espiritual, o indivíduo começa a conhecer a Deus intimamente e a entender quem ele realmente é, não a partir das definições do mundo, mas a partir de Deus.
  2. Restauração Social e Cultural: Com o mandato espiritual realinhado, o indivíduo começa a entender como tratar o próximo (o mandato social) e como cuidar da criação e da terra (o mandato cultural).

A harmonia volta, não de maneira "perfeita", pois a perfeição ainda não foi alcançada. A vida cristã é "muito boa", mas ainda carregamos em nós a natureza pecaminosa. Ainda tropeçamos e tomamos decisões que se parecem mais com os valores deste mundo do que com a imagem de Deus. A diferença é que agora vivemos sob um novo governo, uma nova ordem — o Reino de Cristo.

A distinção entre a humanidade caída e a redenção em Cristo é perfeitamente ilustrada na dramática comparação entre dois jardins:

  • O Primeiro Jardim (Éden): Deus disse ao primeiro Adão: "Se você não me obedecer, você morre". Adão, escolhendo fazer segundo a sua própria vontade e desejo, preferiu não obedecer.
  • O Segundo Jardim (Getsêmani): Deus disse ao segundo Adão, Jesus Cristo: "Se você me obedecer, você morre". Jesus, em contraste absoluto, preferiu obedecer.

Temos, de um lado, o Adão que age segundo sua própria vontade e, do outro, o Cristo que abandona Sua vontade para declarar: "Minha comida e minha bebida é fazer a vontade do meu Pai que está no céu e realizar a sua obra". Quando o discípulo Filipe pediu a Jesus: "Mostra-nos o Pai", a resposta de Cristo foi direta: "Quem vê a mim vê o Pai". Em Jesus, encontramos a imagem de Deus plenamente restaurada, e é com Ele que somos chamados a andar.


8. O Propósito da Liberdade: Por que Deus Permitiu a Queda?

Uma das questões mais difíceis que emergem de Gênesis 3 é: "Por que Deus colocou aquela árvore bem no meio do jardim?". Se Ele não a tivesse colocado ali, o ser humano não teria caído e não estaríamos no estado em que estamos.

A resposta reside na natureza da verdadeira liberdade. Se Deus não tivesse nos dado a opção de rejeitá-Lo, se a árvore do conhecimento do bem e do mal não estivesse presente, seríamos, como disse Agostinho, "escravos da virtude". Não seríamos livres; seríamos autômatos programados para obedecer. Deus só nos deu vida e liberdade genuínas porque nos deu a opção real de rejeitá-Lo.

Imagine um pai que, para "preservar" seu filho do pecado, o cria trancado dentro de um quarto, sem conhecer nada do mundo. Esse filho pode nunca pecar, mas ele nunca foi livre. No dia em que ele, aos 19 anos, sair daquele quarto e descobrir o que é a vida, ele provavelmente sentirá ódio pelo pai que o aprisionou. Preservá-lo do pecado dessa forma não é amor, é escravidão.

Deus, ao criar a humanidade, sabia que o homem pecaria. No entanto, havia um propósito maior escondido na permissão da Queda. Se o ser humano nunca tivesse tido a oportunidade de pecar, nós só conheceríamos a Deus como o "grande Deus e maravilhoso criador". Seria um conhecimento baseado apenas em Seu poder e majestade.

O fato de Deus ter permitido a nossa queda, o nosso pecado e o nosso afastamento Dele, fez com que a humanidade pudesse conhecer uma faceta inteiramente nova e mais profunda do nosso Deus: o Deus que nos ama incondicionalmente, o Deus que nos perdoa, o Deus que vem em nosso lugar e Se sacrifica por nós, e o Deus que, por puro amor, nos chama de volta, sem nunca nos obrigar.

Graças à Queda e à Redenção, nós não conhecemos apenas a grandeza do Criador e o Seu poder; nós passamos a conhecer o Amor e a Misericórdia de quem nos chama de volta.


Referência: Youtube, A Casa da Rocha: #01 - A Criação e seus Mandamentos - Zé Bruno - Do Princípio ao Fim.

Avatar de diego
em 23/10/2025
Matéria: Bíblia
Artigo

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